DICKSONIACEAE

Dicksonia sellowiana Hook.

Como citar:

Julia Caram Sfair; Tainan Messina. 2012. Dicksonia sellowiana (DICKSONIACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

579.932,74 Km2

AOO:

468,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Detalhes:

A espécie ocorre nos Estados Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Condack, 2012).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2012
Avaliador: Julia Caram Sfair
Revisor: Tainan Messina
Critério: A2abcd
Categoria: EN
Justificativa:

<i>Dicksonia sellowiana</i> foi muito explorada para a confecção de vasos e placas de xaxim, sendo muito comum em floriculturas e em residências como substrato para o cultivo de orquídeas. Com a restrição da comercialização do xaxim proveniente de <i>D. sellowiana</i>, substratos alternativos começaram a ser colocados no mercado. Apesar disso, o xaxim ainda é bastante extraído da natureza. Isso se deve ao fato de ser uma planta relativamente comum em florestas tropicais úmidas. Atualmente, são estimados três milhões de indivíduos adultos de <i>D. sellowiana</i> na natureza. Entretanto, considerando o histórico de extração, acredita-se que cerca de 75% deles tenham sido retirados da natureza nos últimos 10 anos apenas no Estado do Paraná. Extrapolando para os demais Estados, suspeita-se que mais de 50% dos indivíduos tenham sido transformados em substrato nesse mesmo período. Sabe-se que<i> D. sellowiana</i> é uma espécie de crescimento lento e que indivíduos adultos podem ter mais de 200 anos. Portanto, a recuperação populacional não acompanha o ritmo da sua extração. Além disso, essa espécie ocorre em áreas sob intensa pressão por desmatamento, em que a diminuição na qualidade do hábitat reduz a variabilidade genética das subpopulações. Dessa maneira,<i> D. sellowiana </i>é considerada "Em perigo" (EN).

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido

População:

Flutuação extrema: Sim
Detalhes: Em São Francisco de Paula (SC) foram amostrados 154 indivíduos em 10 ha de floresta ombrófila mista (Araujo et al. 2009). No mesmo estudo os autores afirmam que a espécie apresenta distribuição agregada em ambientes úmidos e distribuição não agregada em ambientes secos.Um estudo fitossociológico na floresta ombrófila mista de São Francisco de Paula (RS), Senna (1996) obteve valores de 90% em freqüência absoluta (presente em 27 das 30 parcelas amostradas). Dentre os 71 indivíduos amostrados, mais de 50% apresentavam altura até 1 m.O estudo feito por Mantovani (2004) foram identificados nove subpopulações no Estado de Santa Catarina. Os fragmentos apresentam área entre 50 e 150 ha. Em cada fragmento foram amostrados 0,08 ha que apresentavam subpopulações variando de 188 a 4038 indivíduos, sendo o número de indivíduos adultos 33,5% e 49,9% da subpopulação, respectivamente.Em estudo realizado em dois fragmentos de 1 ha cada em São Francisco de Paula, SC foram encontrados 143 indivíduos. Quase todos os indivíduos apresentam altura entre 0,8 e 1,6 m, um indicador de que a população tem potencial de recomposição populacional (Blume et al., 2010).Em estudo feito por Gasper et al. (2011), foram amostradas 5786 indivíduos em 34 parcelas distribuída no Estado de Santa Catarina que somam 37,03 ha. Gomes (2001) identificou duas subpopulações em Santa Catarina. A a primeira contém 114 indivíduos e a segunda 1366 indivíduos, sendo 34 e 915 indivíduos em fase reprodutiva, respectivamente.A espécie parece ter potencial para regeneração de paisagem. Na Colômbia, em pastagem abandonada a 20 anos, Arens; Baracaldo (1998) verificaram nas áreas primárias e secundárias a ocorrência média de 140 a 240 indivíduos/ha, respectivamente. Já nas áreas abertas, onde indivíduos formam o dossel, a densidade chegou a 3.200 indivíduos/ha.

Ecologia:

Biomas: Mata Atlântica
Fitofisionomia: Floresta ombrófila densa e floresta estacional semidecidual (Salino; Almeida, 2009).Floresta ombrófila mista (Mantovani, 2004)
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland, 1.9 Subtropical/Tropical Moist Montane
Detalhes: Arborescente e terrestre (Fernandes, 1997). A espécie ocorre em tipos de florestas úmidas, tais como Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista com áreas abertas, nubladas e de altitude e Floresta Estacional Semidecidual (Fernandes, 1997).Segundo Schmitt et al, (2009) o crescimento médio anual da espécie é de 4,78 cm. Uma estimativa com o crescimento mais rápido da espécie (5,65 cm por ano), a mesma demora cerca de 23 anos para alcançar 1,3 m de altura (CNCFlora, 2012).Em Santa Catarina a espécie ocorre preferencialmente em locais úmidos como a beira de córregos ou riachos, locais sombreados como o subdossel, locais com baixa temperatura, grande altitude e episódios geadas (Mantovani, 2004).Segundo Sehnem (1978) a espécie também cresce em lugares pantanosos nas serras, em encostas serranas e excepcionalmente em banhados das baixadas.A espécie apresenta alternância de geração, podendo se reproduzir pela formação de sementes e esporos. Segundo Gomes et al. (2006) possivelmente a espécie tem estratégia reprodutiva de dormência dos esporos ou tempo de germinação assíncrono, produzindo banco de gametófitos e esporófitos nas áreas de ocorrência.Espécies epífitas das famílias Aspleniaceae, Blechnaceae, Dryopteridaceae, Hymenophyllaceae, Polypodiaceae e Vittariaceae utilizam D. sellowiana como subtrato para crescimento (Schmitt et al., 2005).

Ameaças (3):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.3.3.2 Selective logging
Nas matas de araucária ao Sul do Brasil, a espécie sofreu expressiva redução de suas populações em estado natural, devido principalmente à exploração para a fabricação de vasos e substratos (Mantovani, 2004)
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
3.4.3 Regional/international trade
O relatório publicado pelo IBAMA em 1997 mostra que entre 1990 e 1995, o Brasil era o maior país exportador de D. sellowiana do mundo, sendo que nesse período, mais de 4.000 plantas vivas foram exportadas para Itália, Estados Unidos e França (Mielke, 2002)
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.3.3.2 Selective logging
No Rio Grande do Sul, os indivíduos pequenos (1,2 m) são indicativos de extração da espécie (Blume et al., 2010).

Ações de conservação (6):

Ação Situação
1.2.1.3 Sub-national level on going
"Vulnerável" (VU) segundo a Lista vermelha da flora do Rio Grande do Sul (CONSEMA-RS, 2002).
Ação Situação
3 Research actions on going
Em estudo conduzido por Souza et al., (2007) foi reportado que 80% dos esporos são viáveis de germinação. Assim os autores puderam definir que é possível conservar a espécie in vitro e, aliado a métodos de micro-propagação, de forma que a espécie pode ser reintroduzida na natureza.
Ação Situação
1.2.1.2 National level on going
Ameaçada segundo a Lista vermelha da flora do Brasil (MMA, 2008)
Ação Situação
4.4 Protected areas on going
Parque Estadual Serra do Tabuleiro, APA Rio Vermelho, RPPN Caraguatá, SC, Parque Estadual Serra do Mar, Estação Ecológica Bananal, Parque Estadual da Cantareira, Parque Nacional Serra da Bocaina, SP, Parque Nacional Serra dos Órgãos, Parque Nacional do Itatiaia, RJ, Parque Municipal Irmão Sirilo, Parque Municipal Tingui, Parque Municipal Birigui, Parque Ecológico da Klabin, Parque Nacional do Pico Paraná, Parque Estadual Vila Velha, PR, Parque Nacional do Caparaó, MG (CNCFlora, 2011) Parque municipal da Ronda, RS (Blume et al., 2010), FLONA do Caçador, Parque Nacional de São Joaquim, FLONA de Três Barras, FLONA de Chapecó, Parque estadual das Araucárias e Reserva Genética de Caçador, SC (Mantovani, 2004)
Ação Situação
1.2.1.3 Sub-national level on going
"Vulnerável" (VU) segundo a lista vermelha da flora de Minas Gerais (COPAM-MG, 1997)
Ação Situação
1.2.1.3 Sub-national level on going
"Vulnerável" (VU) segundo a Lista vermelha da flora de São Paulo (SMA-SP, 2004).

Ações de conservação (2):

Uso Proveniência Recurso
Ornamental
Utilizada para ornamentação (Sehnem, 1978).
Uso Proveniência Recurso
Confecção de ferramentas e utensílios
Seus caules envolvidos por largas bainhas de raízes adventícias são o esteio de uma industria extrativista e artesanal. D. sellowiana é empregada na fabricação de vasos de plantas, aos pedaços, constituindo substrato para o cultivo de orquídeas e diversas outras plantas epífitas. Podem ser ainda trituradas, constituindo assim o pó do xaxim, largamente utilizado como adubo (Mantovani, 2004).